VEJA O DEPOIMENTO DA ESPOSA DA VÍTIMA https://www.instagram.com/reel/DMF1coUOwrA/?igsh=OXh3YWduc3U2NTAz
Eu saí de casa por medo”. Assim conta a gestante Maria Ariele que teve a vida mudada forçadamente após ela denunciar que o marido, Rogério Almir Santos de Lima, de 32 anos, foi morto e torturado por policiais militares na última quarta-feira (09), no município de Santana do Ipanema, no Sertão de Alagoas. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil.
Segundo testemunhas, Rogério teria sido torturado por policiais militares após ser amarrado na cama e submetido a sessões de choque, além de pancadas e um afogamento da cabeça dele dentro da pia da cozinha.
Em entrevista exclusiva à TV Pajuçara Ariele contou que os funcionários do hospital para onde o marido foi socorrido relataram que ele chegou na unidade de saúde com tanta hemorragia que não era possível entubá-lo.
“Eu cheguei no hospital e pedi à assistente social e aos médicos, pelo amor de Deus, para me dizer o que era. Mas como eu estava gestante ela não quis me dar um susto. Me chamaram para conversar dentro da sala. Elas disseram que ele já chegou com os olhos roxos. Tentaram entubá-lo mas estava com muita hemorragia, infelizmente não conseguiram e ele morreu.
Uma mulher que não quis se identificar relatou, também em entrevista à TV Pajuçara, que estava junto com a esposa da vítima no momento em que receberam uma ligação dos vizinhos contando do ocorrido, enquanto tinham saído para comprar sandálias.
“Quando a gente chegou os policiais não deixaram a gente nem entrar. Tinha policial na frente e por trás da casa, que não tem muro. E a gente chamando e ele [um policial] dizia ‘tenha calma que seu esposo está aqui, daqui ele vai ser liberado’. Ela estava desesperada e já tinha saído uma viatura da caatinga que já estava com ele dentro, e ele enganando a gente”, disse a mulher.
Envolvimento com o crime
De acordo com informações divulgadas pela Polícia Militar, Rogério teria passagens por homicídio qualificado, associação para o tráfico de drogas e posse ilegal de arma de fogo. No entanto, pessoas do município revelaram que ele não tinha mais envolvimento e agora trabalhava com a esposa.
A esposa de Rogério esclareceu que além do trabalho com ela, ele ainda fazia “bicos” como pedreiro. Indignada com a morte, ela pede por justiça.
Agora é esperar pela justiça divina. E que a justiça da terra eu sei que vai me ajudar e eu espero que me ajude, porque eu estou simplesmente derrotada”, desabafou Ariele.
Outro homem também foi agredido
Um rapaz, também de Santana do Ipanema, denunciou que foi agredido por policiais militares e levou socos nos olhos durante uma abordagem contra o tráfico de drogas.
“Eu estava só de passagem. Eles me abordaram perguntando se eu tinha drogas e eu falei que não tinha. Eles já arrombaram uma casa, me levaram para dentro e começaram a me espancar.
Polícia Civil abriu inquérito
Segundo o delegado Leonardo Amorim, responsável pela Delegacia de Homicídios da cidade, diligências já estão em andamento para apurar as circunstâncias do crime. O delegado afirmou ainda que acompanha pessoalmente os desdobramentos do caso.
“Estamos atuando com responsabilidade e agilidade. Todas as linhas de investigação serão consideradas para esclarecer a autoria e a motivação”, disse o delegado.
A Polícia Civil também informou que, nos próximos dias, será formada uma comissão de investigadores para reforçar a apuração e garantir uma condução criteriosa e transparente do inquérito, que ainda está em fase inicial.
O que diz a PM
Em nota oficial, a Polícia Militar de Alagoas deu uma versão completamente diferente. Segundo a PM, equipes da Companhia de Caatinga (Copes) realizavam patrulhamento na cidade, quando foram informadas por testemunhas sobre a existência de um ponto de tráfico de drogas localizado na Rua Arthur Moraes.
“A Polícia Militar de Alagoas informa que equipes da Companhia de Caatinga (Copes) realizavam patrulhamento na cidade de Santana do Ipanema, nessa quarta-feira (9), quando foram informadas por testemunhas sobre a existência de um ponto de tráfico de drogas localizado na rua Arthur Moraes.
Ao perceber a chegada dos militares, um grupo de indivíduos empreendeu fuga, sendo o acompanhamento iniciado. Ao entrar no imóvel, os militares encontraram um dos rapazes se debatendo no chão. Diante do cenário, o homem foi levado ao hospital da cidade para atendimento médico, mas não resistiu.
No local foram apreendidas 200 pedras de crack. Durante a verificação dos dados do indivíduo, foram encontradas passagens pelos crimes de homicídio qualificado, associação para o tráfico de drogas e posse ilegal de arma de fogo.
O material apreendido foi levado ao 34º Distrito, onde foi apresentado à autoridade policial.”